AdIN entrevistada pela DECO

AdIN entrevistada pela DECO

O Presidente do Conselho de Administração da Águas do Interior – Norte, E.I.M., S.A. (AdIN), Eng. Carlos Manuel Gomes Matos da Silva fala à DECO, no âmbito de um artigo sobre perdas de água para a revista Proteste.

Deco: Quais os motivos principais que levaram à criação da agregação dos vários municípios?

O setor do abastecimento de água e saneamento de águas residuais pressupõe um elevado investimento em infraestruturas. Não obstante, o défice tarifário existente, bem como a limitação no acesso aos fundos comunitários pelos municípios, individualmente, restringe a capacidade de obtenção dos meios financeiros, indispensáveis à renovação das infraestruturas e à aquisição dos meios tecnológicos, essenciais a uma prestação de serviços mais eficiente. Acresce ainda que a pequena dimensão dos municípios, impede a rentabilização dos investimentos necessários para uma gestão eficaz destes sistemas. Considerando todos estes fatores, a constituição da empresa Águas do Interior Norte, que agrega oito municípios, nomeadamente Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Sabrosa, Murça e Peso da Régua, Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta, foi necessária para uma maior capacidade de gestão das suas redes de abastecimento de água e de recolha e tratamento de efluentes e de investimento neste setor, tendo em vista a garantia da sustentabilidade dos serviços, a garantia de qualidade da sua prestação e a manutenção de tarifas socialmente aceitáveis. Em síntese, este novo modelo de gestão para além dos ganhos de escala e qualidade de serviço, elimina as dificuldades sentidas pelos municípios na gestão destes serviços.

Deco: Quais as vantagens? Ao nível das perdas de água, por exemplo, tendo em conta que nalguns municípios, as perdas de água são insatisfatórias?

Para além da maior capacidade de gestão e de investimento num setor tão sensível como é o setor do abastecimento de água e do tratamento de efluentes, esta agregação vai fazer com que haja uma nova capacidade técnica, que vai contribuir para melhorar a eficiência hídrica dos sistemas. Assim, no âmbito da agregação é expectável uma redução significativa das perdas de água, consequente da partilha do conhecimento e do investimento em equipamentos e tecnologia de monitorização, telegestão, deteção de fugas e controlo das redes de distribuição e reservatórios, cuja comparticipação comunitária já está assegurada no âmbito das candidaturas aprovadas. Esses equipamentos serão rentabilizados face à dimensão da área a intervir, que abrange oito Concelhos. Além da redução das perdas, a aplicação imediata de técnicas de deteção de fugas, bem como a remodelação de algumas redes possibilitará uma redução significativa da água entrada no sistema, que terá efeitos na diminuição dos gastos com a compra de água.

Deco: O que mudou para o consumidor?       

A AdIN vai distribuir um bem essencial, que é a água, de melhor qualidade, prestar um serviço de melhor qualidade e mais próximo do consumidor, a um preço socialmente justo. A médio prazo, com a obtenção dos ganhos de escala conseguida através da agregação dos Municípios, a empresa poderá ser mais eficaz e mais eficiente, da qual poderá resultar uma redução nas tarifas praticadas aos consumidores.

Deco: Qual o plano de ação para o futuro, no sentido de resolver os principais problemas?

A definição do plano de ação para o futuro teve por base os objetivos de salvaguarda do interesse dos consumidores, a sustentabilidade económica e infraestrutural da entidade gestora e a preservação do ambiente, os quais se descrevem de forma sumária:

  • Reduzir o número de falhas no sistema de abastecimento;
  • Melhorar a qualidade da água fornecida;
  • Responder atempadamente às reclamações e sugestões dos clientes;
  • Reduzir a percentagem de água não faturada;
  • Reduzir o número de avarias em condutas;
  • Cumprir o licenciamento das captações;
  • Reduzir a ocorrência de inundações;
  • Reduzir a ocorrência de colapsos estruturais em coletores;
  • Garantir o destino adequado das águas residuais recolhidas e das lamas de tratamento;
  • Proceder à realização das análises requeridas nas licenças de descarga;
  • Cumprimento dos parâmetros de descarga.

Perspetivando o cumprimento destes objetivos, definiu-se um conjunto de ações a desenvolver para resolução dos principais problemas, estando prevista a redução de perdas aparentes e reais, a reabilitação de condutas, a renovação de reservatórios, a melhoria da monitorização das origens locais de água, a reabilitação de coletores, a reabilitação e substituição de ETAR, no âmbito de projetos candidatados e aprovados pelo POSEUR, entre muitos outros, como a aquisição de equipamentos tecnológicos que permitam um desempenho mais eficiente. Todas as ações estão documentadas e descritas com detalhe nos Planos de Gestão da AdIN.